25/02/12

Entrevista de David Ferreira ao Jornal Labor

O secretário da Junta de Freguesia de Arrifana não acredita que a população visse com bons olhos a agregação ao município de S. João da Madeira. David Ferreira reconhece a ligação da vila ao concelho vizinho e até admite eventuais mais-valias financeiras na transferência mas, no fim, recusa a operação. “Arrifana continuará na Feira por muitos anos”, afirma. “Temos uma proximidade grande com S. João da Madeira mas muito orgulho no nosso passado”, acrescenta.

Para o autarca, não é no município sanjoanense que reside a solução para os problemas de Arrifana mas na própria orgânica da administração local. “Deviam transferir mais verbas e mais competências para as juntas de freguesia. Isso sim era uma boa política”, sublinha. “São a primeira porta junto da população e conhecem os anseios das gentes”, argumenta. “Aí sim recuperávamos o atraso que temos perante os concelhos vizinhos”.

A proximidade com S. João da Madeira puxou pelo desenvolvimento da vila arrifanense, que se tornou uma das mais destacadas no seu concelho, mas levanta outro problema aos gestores da freguesia: “o termo de comparação é sempre com S. João da Madeira e, nesse processo, saímos sempre diminuídos”. David Ferreira queixa-se da tendência geral em avaliar Arrifana pela bitola do município vizinho e não pela das restantes freguesias da Feira. Um exemplo desse desequilíbrio de forças é precisamente o centro escolar, pelo qual a vila luta há vários anos, enquanto na vizinha S. João da Madeira todas as escolas são requalificadas uma e duas vezes. “S. João da Madeira não se pode comparar a nada porque é um caso específico, muito próprio”, alega.

A reforma da administração local promete uma grande revolução no concelho de Santa Maria da Feira que, sozinho, acolhe 31 freguesias. O mapa da fusão das autarquias deverá fechar já em abril e Arrifana está em posição de anexar algumas mas David Ferreira prefere não se pronunciar sobre o assunto. “Não é da nossa competência pronunciarmo-nos sobre este processo. As freguesias em vias de extinção é que terão de resolver a quem se querem agregar. Quem se quiser juntar a nós será bem recebido. Temos boas relações com todas”, afirma.

A redefinição do mapa autárquico coloca problemas mesmo ao nível de composição de listas às próximas eleições. Como muitas, Arrifana entra obrigatoriamente num ciclo de mudança em 2013, uma vez que Dário Matos, presidente da junta há cerca de 30 anos, atinge o limite de mandatos consagrados na lei. Secretário há cerca de 20 anos, David Ferreira surge naturalmente na posição de sucessor mas não adianta nada a esse respeito, escudando-se precisamente na possibilidade da vila anexar freguesias e alterar substancialmente o cenário político.

"Não abdicaremos” do centro escolar

Com um orçamento de 293 mil euros e uma dívida próxima desse valor, a junta de Arrifana garante que a situação financeira “está perfeitamente controlada”. Assegura que tem vindo a reduzir o passivo todos os anos, mesmo com os custos a aumentarem e as receitas a descerem. “Há uma quebra nas transferências do Estado e nas receitas da Feira dos 4 que nos obrigou a cortar nas despesas mas ainda temos margem para reduzir a dívida”, afirma David Ferreira. Só não dá para obras. O autarca assume que “o tempo das grandes obras já foi” - até porque “não é correto hipotecar o futuro de quem para cá vier” – e que agora é altura de “olhar mais para as pessoas e menos para os equipamentos”. Por isso, assume como prioridades atuais o trabalho de proximidade com associações locais e famílias carenciadas.
Ainda assim, os grande desafios da vila continuam a ser infraestruturais. David Ferreira espera concluir o saneamento na freguesia ainda este ano e iniciar a construção do centro escolar. “O saneamento é a obra do mandato”, afirma, reconhecendo que chega “com muitos anos de atraso”. Desde Outubro, decorrem, em várias frentes da vila, obras de instalação do saneamento que permitirão à freguesia passar de 15 por cento de cobertura a perto de 95 por cento. A intervenção no valor de 10 milhões de euros e sob a responsabilidade da Indaqua deverá estar concluída até ao final deste ano e é assumida pela junta como “a obra fundamental de Arrifana”.

Quanto ao reivindicado centro escolar, a junta garante que é para fazer. “Está prometido, é-nos devido e não abdicaremos”, insiste o autarca. David Ferreira confia na “boa-fé” da câmara municipal e explica que o atraso prende-se com a reformulação do projeto. A ideia é reduzir em uma ou duas salas a capacidade do edifício, que será reconstruído a partir das instalações da EB1 e jardim de infância do Bairro. Reduzem-se consideravelmente os custos sem prejudicar as necessidades da vila, garante o secretário. Quanto às restantes EB1 (Outeiro e Carvalhosa), há a possibilidade de uma se manter em funcionamento, informa David Ferreira.

Bombeiros ganham centro de manobras em Santo Estêvão

Durante as próximas semanas, a junta deverá finalmente desbloquear a obra para o inicialmente previsto campo de futebol de Santo Estêvão. Iniciada há 12 anos, a construção do espaço pensado para as equipas que então jogavam nos campeonatos do Inatel parou por falta de verba. A escassez financeira e mudanças na realidade desportiva da freguesia, que entretanto perdeu algumas coletividades, levaram a junta a repensar o projeto. A solução é entregar o espaço tal como se encontra aos Bombeiros Voluntários de Arrifana para aí fazerem um campo de treinos e manobras, à semelhança do que existe na Escola Nacional dos Bombeiros, nas Travessas. “Assim, não precisa de mais investimento e damos dinâmica a um espaço que estava condenado a não ter o mínimo de uso”, explica David Ferreira.

Finalizar o projeto inicialmente previsto custaria mais cerca de 300 mil euros à junta, que já gastou perto de 600 mil no equipamento. O novo campo de treinos e manobras dos bombeiros terá o nome de Rogério Leal, como forma de agradecimento pela doação do terreno de 40 mil metros quadrados.

Parque da Azenha é concluído este ano

O secretário da junta de Arrifana garante que a requalificação do Parque de Lazer da Azenha estará concluída “dentro de meses”. A obra recupera uma zona abandonada na freguesia, revitalizando moinhos, plantando novas árvores e limpando o leito do rio. David Ferreira explica que falta apenas “fechar o leito do rio para que a represa fique cheia”.

Resultados CD Arrifanense

[Juniores - Campeonato I Divisão Distrital Aveiro - Série dos Primeiros]
25/02/2012 CD Arrifanense 1-1 Águeda
18/02/2012 Estarreja 0-1 CD Arrifanense
11/02/2012 CD Arrifanense 2-0 Milheiroense
04/02/2012 Anadia 3-0 CD Arrifanense
4º lugar com 7 pts em 4 jogos

[Juvenis - Campeonato I Divisão Distrital Aveiro - Série dos Primeiros]
19/02/2012 Avanca 4-3 CD Arrifanense
12/02/2012 Fiães 2-0 CD Arrifanense
05/02/2012 CD Arrifanense 2-1 Oliveirense
7º lugar com 3 pts em 3 jogos

[Iniciados - Campeonato I Divisão Distrital Aveiro - Série dos Últimos]
19/02/2012 CD Arrifanense 3-1 Cesarense
12/02/2012 CD Arrifanense 0-0 Rio Meão
05/02/2012 O. Bairro 0-1 CD Arrifanense
3º lugar com 7 pts em 3 jogos

Reorganização autárquica

A proposta de lei que o Governo entregou na Assembleia da República não deixa de fora da equação qualquer uma das 31 freguesias do Concelho, ao contrário do Livro Verde que deixava uma dezena delas na pele de puras espectadoras por preencherem o critério dos cinco mil habitantes, como era o caso de Arrifana
A proposta que agora está em cima da mesa coloca todas as freguesias ao barulho e, mais do que nunca, se justifica ter por perto uma calculadora, régua, esquadro, lápis e papel para se redesenhar o mapa das freguesias.

A comissão da Assembleia Municipal que vai tratar da reorganização do mapa das freguesias tomou posse e iniciou o seu trabalho no dia 18 de Fevereiro. Após a entrada em vigor do diploma, a Assembleia Municipal tem 90 dias para entregar à Assembleia da República o novo mapa das freguesias.
(in Jornal Terras da Feira de 20/02/2012)

Arrifana poderá juntar-se com uma ou mais das seguintes freguesias: São João da Madeira, Escapães, Fornos, Milheirós de Poiares, Mosteirô e Cucujães.
Esta é uma boa oportunidade para partilhar recursos admnistrativos e financeiros, além de poder beneficiar com a integração noutro concelho como São João da Madeira, dado que actualmente Arrifana é desprezada pela Câmara Municipal de S.M. da Feira.